terça-feira, 31 de março de 2009

ACERVO DIGITAL VEJA

A revista Veja fez aniversário e pra comemorar disponibilizou na internet todo o seu conteúdo de 40 anos de história. Tudo bem, a Veja precisa de um rigoroso exame crítico pra ser consultada, todos nós sabemos disso, mas não deixa de ser uma ferramenta incrível de pesquisa e até mesmo de diversão. Trata-se de uma importante contribuição para a memória brasileira. Quem nunca leu uma entrevista das páginas amarelas? Quem nunca comprou uma revista Veja? Eu guardo com cuidado e carinho os três (acho que são três mesmo!) números em que Elis Regina saiu na capa! Adorei abrir o número de 30 de março de 1988, exatamente 20 anos atrás, e dar umas risadas. Só pra ficar nas propagandas: video cassete era o G21 (lá em casa tinha um!), tênis Nike, sapatos Samello, moto Agrale, roupa era da Forum, Sr. N da Natura para toilete masculina e a boa páscoa era com a Garoto e a Lacta. E todas as propagandas tinham textos enormes! Ah, o velho Sarney era a capa! Aff!! Infelizmente muita coisa continua igual!! Veja aqui! Acima, a primeira capa, 1968!

sábado, 28 de março de 2009

SÃO CHICO DE ASSIS

Eu adoro Chico Buarque. Ouvi todos os discos (ou quase todos), li todos os livros, até aquela novela pecuária que ele desqualifica, vi todas as adaptações para o cinema de seus textos, fui aos shows que pude, tirei fotos e tal... Por ocasião do lançamento de seu novo livro Leite derramado, o caderno Ideias&Livros do JB de hoje o compara a Machado de Assis, em suas Memórias Póstumas e a foto que ilustra a capa é metade do rosto de cada um recortado por uma faixa de palavras, intersecção. Em reportagem da revista Época, os colunistas acham difícil não remeter Leite derramado a Dom Casmurro, mais uma vez, Machado de Assis. A crítica literária Leyla Perrone-Moisés, que assina a orelha do livro, compara o texto aos escritos de Proust. Agora, não seriam um pouco exageradas estas comparações? Ok, Chico Buarque de Holanda é nobre, todos nós sabemos, e é uma unanimidade, contrariando a famosa frase do não menos genial Nelson Rodrigues. É certo que Leite derramado chega nas prateleiras das livrarias com ares de cult e tiragem de 70 mil exemplares. E eu, que sempre gosto de acompanhar o trabalho de Chico, espero ter o livro logo, logo em minhas mãos, não só por se tratar do 'novo livro do Chico', mas também pelo aguçamento das comparações tão ricas e pelo apelo que o tema da memória causa em mim. Espero com sede, portanto, para lamber cada gota desse Leite derramado. Quero encontrar Chico Buarque de Holanda, ele mesmo, e juro que vou tentar esquecer o paralelo com Machado e Proust. A imagem que abre o post é da revista Época e é recente, as outras duas sairam no referido caderno do JB. E agora eu digo, qual a cor dos olhos desse homem?

quinta-feira, 26 de março de 2009

CADERNO DA PUCCA, DIÁRIO DE CLARICE

minha filha tem seis anos. completos. na festa de aniversário da escola ganhou um desses caderninhos com pequenos corações nas bordas das páginas, capa dura. o caderno é da pucca, sucesso entre as menininhas de sua idade. e pra minha surpresa disse que o caderninho era, de agora em diante, seu diário. sim, diário!! e escreveu assim:
FELISIDADE
ganhei esse diario dia 06/03/2009
usei ese diario dia 24/03/2009.
confesso que fiquei emocionada! achei linda essa descoberta dela, adorei saber que ela compartilhou comigo essas primeiras frases e achei linda a primeira palavra gravada. fiquei pensando no "meu querido diário" que eu tinha por votla dos 15 anos e que tinha chave e cadeado e pensei também nas palavras tão longínquas que eu ali rabisquei... lembrei de como é íntima a relação com um diário, quase impossível de ser compartilhada com alguém. minha filha já ensaia sua subjetividade e sua individualidade, mesmo sem ter a mínima idéia do significado disso tudo...

domingo, 22 de março de 2009

ela pinta a palma da mão!

sexta-feira, 20 de março de 2009

NO CÉU

é melhor cair das nuvens
do que do
terceiro andar!

do velho e bom Machado de Assis

segunda-feira, 16 de março de 2009

BRASÍLIA, POR MARCEL GAUTHEROT

Marcel Gautherot foi um fotógrafo francês, o mais brasileiro deles. Aportou em terras brasileiras na década de 40. Viajou o Brasil inteiro, proclamando que vida de fotógrafo é, antes de tudo, a vida de um viajante. Sua coleção fotográfica, a maioria a preto e branco, é um dos mais importantes textos visuais sobre o Brasil entre as décadas de 40 e 60, período de maior atividade do fotógrafo. De fotografia ele sabia tudo e fazia muito mais do que simplesmente documentar, criou uma linguagem, uma autoria, uma assinatura própria que faz de suas imagens uma verdadeira arte. Gautherot foi grande parceiro de Niemeyer, e hoje é impossível falar de arquitetura moderna brasileira sem recorrer às suas imagens. Esse casamento feliz entre fotografia e arquitetura pode ser comparado com a relação, também profícua, entre Le Courbusier e Lucien Hervé, outros dois grandes mestres. A parceria entre Niemeyer e Gautherot gerou um dos mais preciosos registros sobre a construção de Brasília . Gautherot, como num making off, registrou a construção da futura capital em mais de 3.000 imagens, hoje conservadas e mantidas pela reserva técnica fotográfica do Instituto Moreira Salles. Uma pequena fatia dessa coleção foi eleita por mim para ser o tema da minha dissertação de mestrado em Memória Social pela Unirio. Seguem, para o deleite de nossos olhos, algumas das belas imagens registradas por Gautherot na luz intensa do Planalto Central do Brasil.



Acervo: Coleção Marcel Gautherot/Instituto Moreira Salles.

Defendi a minha dissertação de mestrado pela UNIRIO "a memória da construção e a construção de memórias: Brasília sob o olhar  de Marcel Gautherot" em abril de 2009. A dissertação foi indicada para publicação, espero ter o livro em mãos brevemente!

sábado, 14 de março de 2009

OS EXCESSOS DE SEXTA-FEIRA

nãoressaca que resista a um bom banho de mar!

sexta-feira, 13 de março de 2009

ÁGUAS DE MARÇO


Depois do toró que caiu agora no Rio de Janeiro o que nos resta é cantar. Confesso que estava há dias esperando uma chuva forte assim. Gosto de ver, ouvir e contemplar a força da natureza. O verão chega ao fim daqui a pouco, o calor certamente continuará por longos dias... Quando eu era menina lá nas Minas Gerais todo mundo ficava ansioso com a chegada do dia 19 de março, dia de São José, famoso pelas chuvas que traz. Não me lembro de um dia desses que não tenho chovido muito. Mas hoje o tempo anda estranho e pode até ser que não chova nesse dia. De qualquer forma fica aqui a voz e o sorriso da maravilhosa Elis. Saúdo as águas de março e aguardo o outono, a minha estação!

HOJE É SEXTA-FEIRA 13


inspirada nos coloridos de cris kenne deixo aqui registrada essa estampa incrível do vestidinho que a jojo deixou pra mim depois de sua estada aqui em casa. a joana é uma figura ímpar e super colorida, tanto nas roupas quanto nos gestos. fez um mestrado sobre as roupas de lina bo herdadas pelo teatro oficina. um luxo! o vestido é lindo e essa estampa poderia muito bem ilustrar com propriedade o colorido dos animais psicodélicos do meu sonho de hoje.

THE BOOK OF DREAMS

sonhei que estava num plano absurdamente gigante, quase infinito. via um avião ou nave bem ao longe, no céu, com uma longuísima corda com uma jaula na ponta. pousaram delicadamente a gigantesca gaiola no chão, bem perto de mim. a gaiola continha um animal estranho, misto de pavão e fênix, colorido entre o azul e o amarelo. monstruoso no tamanho, mas raro na beleza. fazia barulhos incríveis. depois que a nave foi embora, o bicho correu no seu relincho, fazendo a poeira levantar, corria muito, experimentando sua liberdade, e alçou voo, um voo de fogo, sumindo aos poucos, devagar no céu. depois apareceu um elefante, que também voava, tinha asas de verdade e não orelhas gigantes. vestia uma roupa colorida, com muitos tons em vermelho e dourado. suas formas arredondadas eram delicadas e eu não tive medo algum. ele pousou no plano e correu. fiquei ali estatelada no plano, observando tudo. paisagem alguma existia, era o vazio, o silêncio, só alterados pela presença desses animais pitorescos. eu sabia que estava acima do chão, pois tinha certeza que, caso eu precisasse, poderia pular na terra, não sem perigo algum... e ali deitada no plano compreendi que tudo se passava como se fosse um filme projetado nas nuvens, no céu. as imagens desse sonho voltaram agora, num único jorro, na minha mente, do começo ao fim, marcando uma experiência sensorial incrível, excitante, surreal e fantasmagórica!.

quarta-feira, 11 de março de 2009

MÁRIO QUINTANA

silenciosamente
sem nenhum cacarejo
a noite põe
o ovo da lua

terça-feira, 10 de março de 2009

segunda-feira, 9 de março de 2009

MIO E MAO

Fiquei, durante anos de minha vida, tentando rever essa animação de massinha que passava no Globinho. Acho que era início dos anos 80, quem apresentava era a Paula Saldanha, com aqueles cabelos lindos. Passava antes do Sítio do Picapau Amarelo, se não me engano. Lembro-me que saia correndo da escola pra conseguir ver Globinho e o Sítio na Telefunken lá de casa. Meus primos e eventuais vizinhos enchiam a sala, pois muitos ainda nem tinham televisão colorida, e a velha Telefunken de tela gigante simplesmente arrasava!!Lembro também da família Barbapapa, dos patinhos de origami Quack Quack e de um desenho de linha de giz numa lousa azul. Eita memória!!! E dá-lhe youtube para revisitar a infância!!

É ISSO AÍ

"não gosta de goiaba, nem de pepino, nem de lentilha.
acha chet baker um chato.
dispensa doces e chocolates,
mas adoça o café até ficar insuportável.
não bebe certas cervejas, não gosta de uisque.
só come frutas da feira,
mas detona o hot-dog da esquina, completo!
só elogia o que "é do caralho"!
usa boné!!
se acha!
dorme comigo, mas reclama da cama.
e volta, sorrindo...
mas eu gosto, porque é leve, natural, sincero.
pode?"

terça-feira, 3 de março de 2009

03/03

agora a minha vontade é de sair caminhando pela areia de uma praia deserta, à luz de um luar que ilumina até a palma da mão. e de alguma maneira faço isso agora, sozinha na luz fria dessa tela lcd do computador. minha filha dorme lindamente ao lado, depois de ter se deliciado com um crepe de chocolate da creperia 'le blé noir', um lugar super charmoso em copacabana, onde celebramos a vida de minha amiga cibele, uma artista de extrema delicadeza e sensibilidade. a vida, não, as vidas, pois agora ela carrega mais uma na barriga. penso na minha falta de concentração e busco entender os motivos que me desnorteiam, são muitas as pre-ocupações da minha cabeça, são muitas as mudanças com ou sem perspectivas, são muitos os futuros caminhos. o pilequinho de gato negro aquece mais ainda a noite quente, o meu prédio não tem luz, blecaute total, e nem ventilador gira. tudo escuro e eu aqui, tentando terminar com estas palavras. daqui a trinta dias faço 38 anos! penso em muitas coisas, algumas nostágicas, outras nem tanto. penso no calor e nos prédios lacrimejantes do verão carioca, penso nas tarefas do meu dia de amanhã, penso numa ducha fria! e espero, com ansiedade, a lua cheia!

segunda-feira, 2 de março de 2009

DON HUNSTEIN E KIND OF BLUE

Dois de março e 22 de abril de 1959. Nestes dois dias foram gravadas as duas sessões do antológico, mitológico e indispensável disco Kind of Blue de Miles Davis e sua turma (o sexteto composto por John Coltrane - sax tenor, Cannonball Adderley - sax alto, Bill Evans - piano, Paul Chambers - baixo, Jimmy Cobb - bateria (que virá ao Brasil em maio) e, substituindo Evans em uma faixa, Wynton Kelly, além do próprio Miles no trompete).
Don Hunstein foi o fotógrafo que registrou em preto e branco a gravação daquele que é considerado por muitos um dos melhores discos de todos os tempos. Eu adoro esse tríptico com os retratos de Miles em uma viagem de profunda concentração.
Ashley Kahn para escrever o livro Kind of Blue – A História da Obra-prima de Miles Davis baseou-se, principalmente, nos depoimentos de Hunstein, do baterista Jimmy Cobb e do técnico de som da antiga Columbia. Além, é claro, de ter escutado na íntegra todos os sagrados takes daqueles dois dias.
Hunstein fotografou o universo musical de seu tempo. Frequentador assíduo da Columbia Records retratou personalidades como Bob Dylan, Duke Ellington, Billie Holiday, Charles Mingus, entre outros e assinou dezenas de capas de discos.
Hoje, exatamente 50 anos depois da primeira sessão das gravações, as imagens de Hunstein e os takes de Kind of Blue nos fazem ter a breve ilusão de que o tempo não envelhece.

Leia mais sobre Hunstein no ipsis litteris e também no rockarchive.com. Aliás o rockarchive é um site muito legal para quem gosta de música e fotografia.