quarta-feira, 23 de março de 2011

LIZ TAYLOR

quando eu era uma moleca de pensamentos diletantes lá na minha minas natal, queria entender como uma mulher podia ser tão bonita como elizabeth taylor. e ficava pensando na sua proeza de colecionar maridos... invejei liz taylor, queria ter sete maridos como ela. mas achava a artimanha impossível, eu não tinha aqueles olhos violeta de parar quarteirões... somente muito depois é que fui conhecer a história de vinicius de moraes, outro colecionador de amores, e percebi que o lance não tinha muita relação com a beleza, não. na oportunidade, eu casava, fácil, com os dois!

terça-feira, 22 de março de 2011

REAL DREAMS - DUANE MICHALS

duane michals é um dos fotógrafos mais instigantes que eu conheci nos últimos tempos. e como as coisas não aparecem à toa nas nossas vidas, eu diria que conhecê-lo foi como quebrar o espelho. e daí dá-lhe juntar estilhaços.... suas fotografias são provocações, como provocação é esse texto. sugiro que vc imprima e leia com atenção. é um soco no estômago de qualquer fotógrafo. para visualizar algumas das fotos (séries) que compõem esse livro, é só clicar REAL DREAMS. os grifos no texto são meus.


Real Dreams
             Nada é o que eu, uma vez pensei que fosse. Você não é quem você pensa que é. Você não é nada que possa imaginar.
            Eu sou um escritor de contos. A maioria dos fotógrafos são repórteres. Eu sou uma laranja, eles são maças.
            Nós temos que tocar outras pessoas para permanecermos humanos. O toque é a única coisa que pode nos salvar. Eu uso a fotografia para me ajudar a explicar minha experiência para mim mesmo.
            Alguns fotógrafos disparam, literalmente, em tudo o que se move, desejando de alguma maneira, em toda aquela confusão, descobrir "uma fotografia". A diferença entre o artista e o amador é o senso de controle. Há um grande poder em saber exatamente o que você está fazendo, mesmo quando você não sabe...
            Nós todos somos estrelas, apenas não sabemos isto. Eu pratico ser Duane Michals todos os dias e é tudo o que eu sei.
            A maioria dos retratos são mentiras. As pessoas raramente são o que parecem ser, especialmente em frente a uma câmera. Você pode me conhecer por toda sua vida e nunca se revelar, mostrar seu interior para mim. Interpretar rugas como personalidade é insulto não insight.
            A história da fotografia ainda não foi escrita. Você vai escrevê-la. Ninguém fotografou um nu até você fotografar, ninguém fotografou uma seqüência ou pimentões até você fotografá-loo. Nada foi feito até você fazê-lo. Não existem mais respostas, tire Weston das suas costas, esqueça Frank, Adams, White, não olhe para fotografias. Mate o Buda, eu sou meu próprio herói.
            Os livros de fotografia normalmente tem títulos como: O olhar do fotógrafo, ou a visão de..... e assim por diante, ou ainda, olhando fotografias; é como se os fotógrafos não tivessem cérebro, apenas olhos.
            Todas as coisas passam, assim até você passará. Precisamente agora seu tempo esta passando, precisamente agora.
            Eu me flagro falando com fotografias. Vejo uma fotografia de uma mulher e pergunto, "isso é tudo que você tem para falar? Posso ver os longos cabelos e o vestido. Será ela uma puta; uma mãe delicada, uma consumidora. Será que ela acredita em alguma coisa? Eu quero saber mais.
            Enquanto escrevo isto, nesse exato momento, milhares de pessoas estão morrendo, milhares estão nascendo. A terra está completamente viva com o brilho da primavera, estrelas estão explodindo - meu Deus! Esse é o grande mistério onde todos nós vivemos, é isso que chamamos vida, isso é o encontro transbordando tudo e eu penso que nunca saberei, nunca.
Eu sou o limite do meu trabalho. Você é o limite do seu. Isso é uma viagem. Nós não vivemos aqui. Quando eu falo, eu quero dizer nós. Tão rápido quanto eu digo a palavra agora ela já se torna passado.
            É muito fácil para o fotógrafo falsear, basta sair e fotografar vinte pizzarias, vai estar tudo lá: nas diferenças, nas mudanças.
            Algumas influências abrem portas e nos liberam, outras fecham e nos sufocam. A fotografia é particularmente sufocante.
            Eu acredito na imaginação. O que não posso ver é infinatamente mais importante do que eu posso ver.
            Os fotógrafos me dizem aquilo que já sei como o reconhecimento da beleza, coisas incômodas ou bizarras e isso não é a questão. Você teria que ser uma geladeira para não ser tocado pela beleza de um parque como Yosemite. A questão é lidar com a experiência total tanto emocionalmente como visualmente. Os fotógrafos devem me dizer o que eu não sei.
            Acho as limitações da fotografia estática enormes. Alguém tem que redefinir fotografia, tal qual é necessário redefinir a própria vida em termos das nossas próprias necessidades. Cada geração deveria redefinir linguagem e todas as suas experiências em termos pessoais.
            A palavra chave é expressão - não fotografia, não pintura, não escrita. Você é o evento, não seus pais, amigos, gurus, somente você pode ensinar a si mesmo.
            Tudo que experimentamos está na nossa mente, é tudo cabeça, o que você  está lendo agora, ouvindo agora, sentindo agora...
            Nós todos temos medo da morte. Mas nós já morremos, basta olhar a fotografia da formatura do ginásio, quem você vê ali esta morto, a foto do seu casamento, "ela" está morta. Precisamente agora você morreu.
            Tentar comunicar os sentimentos verdadeiros de alguém em meus próprios termos é um constante problema.
            Sou compulsivo com minhas preocupações com a morte, em outras palavras estou me preparando para a minha morte, mas se alguém num momento pusesse uma arma em meu estômago eu me mijaria e todas as minhas especulações metafísicas se molhariam.
            Quando você olha minhas fotografias, você está olhando meus pensamentos. Sou muito atraído à pessoa de Stefan Mihal, ele é o homem que nunca me tornei, somos completamente opostos, apesar de termos nascido no mesmo momento e se por acaso nos encontrássemos, explodiríamos como matéria e anti-matéria. Ele é a minha sombra e eu procuro me salvar dele.
            Eu apenas fotografo o que conheço, minha vida, não tenho a presunção de saber como são os negros, as famílias suburbanas ou travestis e nunca acredito em fotografias dessas pessoas posando para a câmera.
            Eu não sei de nada, e não posso contar com nada. Eu não estou certo de alguma vez ter tido certeza. Não sei o que terei deixado para traz quando chegar aos cinqüenta anos, e isto está bem.
            A visão das palavras nesta folha me agrada, é como uma forma de trilha que eu tenha deixado para traz, pistas, marcas estranhas, a prova que eu estiva aqui alguma vez.
            Quando eu tinha nove anos (no ano em que meu irmão Timothy nasceu) eu costumava sentar-me na beira da cama e ficar imóvel muito tempo depois que minha família já tinha ido dormir. Tentava encontrar o "eu" de mim, e que nesse silêncio acharia em algum lugar lá dentro do meu corpo o meu "eu". Continuo procurando!
            Nós somos todos uma construção mental, mudem nossas químicas, nosso ponto de referência e a realidade mudará.
            Sou um fotógrafo profissional e um místico diletante, mas preferiria ser um místico profissional e um fotógrafo diletante.
            Lembro da primeira vez que fiquei sozinho, tinha uns nove anos, vivia com minha avó, e meu melhor amigo Art tinha saído com sua família. A tarde pareceu longa e vazia. Sentia falta de alguém, estava vazio e uma enorme sensação de falta.
            Nenhuma das minhas fotografias existiriam, no chamado mundo real, se eu não as tivesse inventado. Elas não são encontros acidentais, testemunhos nas ruas. Eu sou o irresponsável. Estando Bresson lá ou não, aquelas pessoas teriam feito seu pic-nic à margem do Sena. Eles foram eventos históricos. Não existe uma fotografia. Não há um tipo de fotografia. O único valor de julgamento é o trabalho intrinsecamente. Será que ele me toca, mexe, me preenche?
            Qualquer um que define fotografia me apavora. Essas pessoas são foto-fascistas. Os limitadores. Eles sabem! Temos de lutar para nos libertar constantemente, não somente de nós mesmos mas sobre tudo daqueles que sabem.
            As vezes parece que estou a espera de que alguma coisa aconteça. É tão difícil imaginar que seja eu a pessoa que está escrevendo isto. Sinto-me uma outra pessoa, não interessada em uma ampliação perfeita e sim em uma idéia perfeita, pois idéias perfeitas sobrevivem à ampliações ruins, reveladores ruins e baratos, essas tais idéias podem mudar nossas vidas.
            "Se Duane deseja fazer fotografia, ele deveria fazer um estudo sobre os trabalhadores rurais ou operários, que são assuntos que podem provocar algumas mudanças sociais, fazer algo por mais alguém, alguma coisa nobre. Isto é o que eu faria."- Stefan Mihal
            Nós temos maneiras de fazer as mais extraordinárias experiências parecerem ordinárias, Nós verdadeiramente trabalhamos para destruir nossos milagres. Os melhores artistas deram de si próprios em seus trabalhos. Magrite foi um prêmio, Atget, Eakins, Redon, Brandt, Sanders, Balthus, De Chirico, Whitman, Cavafy. Aí está tudo o que se tem pra dar, eu sou meu presente a vocês e vocês são sues presentes pra mim.
            Muitos fotógrafos fotografam as vidas das outras pessoas, raramente a sua própria. Nós temos que nos libertar para nos transformar em aquilo que somos. A fotografia descreve muito bem.  
            Nossos pais e avós nos protegem da morte, mas quando eles morrem ninguém mais se coloca entre nós e a morte.
            Uma vez pensei que o tempo fosse horizontal, e que se olhasse à minha frente eu poderia ver a próxima quarta-feira, agora vejo que ele é vertical, diagonal e perpendicular. É tudo muito confuso.
            As pessoas acreditam na realidade das fotografias, mas não na realidade das pinturas, isso dá uma vantagem enorme para o fotógrafo, mas desafortunadamente os fotógrafos também acreditam na realidade das fotografias.
            As sentenças mais importantes normalmente são formadas de duas palavras: eu amo, me desculpe, por favor, me perdoe, me toque, eu preciso, eu gosto, muito obrigado. Tudo é assunto para a fotografia, especialmente as coisas difíceis da vida: ansiedades, traumas de infância, mágoas, pesadelos, desejos sexuais, todas essas coisas que não podem ser vistas são as mais significativas e não podem ser fotografadas apenas sugeridas.
            Eu gostaria de conversar com William Blake e Thomas Eakins.
 (Introdução do livro "Real Dreams" de 20 de junho de 1976) 
"Uma tentativa frustrada de fotografar a realidade"
             Que idiota fui eu ao acreditar que seria tão fácil. Eu confundi as aparências de automóveis, árvores e pessoas com realidade e acreditei que uma fotografia dessas aparências seria necessariamente uma fotografia delas. É uma verdade melancólica o fato que eu nunca serei capaz de fotografar as coisas da realidade e portanto só poderei falhar.
            Eu sou um reflexo fotografando outros reflexos com seus reflexos.
            Fotografar a realidade é fotografar o nada. 
                                                                                                          Duane Michals

quinta-feira, 17 de março de 2011

A CINELÂNDIA É DO BARACK

hoje eu fui até a cinelândia para comprar ingressos pro theatro municipal. ainda não pude ver o imponente theatro depois da reforma, que acompanhei de perto, pois trabalhei um ano na biblioteca nacional, justamente no período da reforma. eu gosto de pegar o metrô e descer na estação cinelândia e subir (quisera eu bem devargazinho) a escada rolante da saída 'passeio', adoooro sentir no meu rosto o vento forte que sempre sopra ali. adoro ver chegar devagar a imponência dos prédios antigos que ainda podem contemplar o pão-de-açúcar, o morro mais bonito do rio, de onde estão, quietos, impávidos, colossais. gosto de avistar o chafariz que enfeita o vazio deixado pela demolição do palácio monroe e gosto de imaginar um outro rio, onde esse palácio ainda vivia. gosto de tomar café no cine odeon, apesar do preço abusivo do café (quatro reais!) e me deliciar com o saboroso creme brûllée que servem ali. gosto de brincar de amelie poulain e quebrar delicadamente com a ponta da colher a crosta crocante do doce. gosto de rabiscar pensamentos em guardanapos sentada na mesa do café e observar o vento nos cabelos das árvores e dos transeuntes, gosto de ver saias sendo seguradas e mãos arrumando jubas retunbantes.... mas não gosto de ver o theatro municipal com cercas duplas, sinto-me exilada de um amor antigo. e não tenho vontade alguma de ver um filme chamado 'bruna surfistinha', em cartaz no mais bonito cinema da cidade. gosto ainda de almoçar no natural 'roots' que tem num dos prédios antigos e decadentes, um que fica bem ao lado do mcdonald's. acho engraçado comer uma comida macrobiótica vendo pessoas se entupirem de gordura e química do outro lado da rua... nesse restaurante tem um buda pendurado na parede, de bunda pra quem entra, acho engraçado e ali a garçonete, muito sem graça, me entregou o bilhete de um admirador bem mais velho que eu. e depois o coroa ainda me seguiu um pouquinho, com o olhar, claro...
com o municipal todo cercado não entendi direito onde os ingressos estavam sendo vendidos. mas consegui a atenção de um dos seguranças que estavam em alvíssaras com o movimento enorme da marcação do esquema de segurança para o discurso do presidente norte americano barack obama. o simpático segurança me levou até o anexo onde, finalmente, consegui comprar os ingressos pra mim, minha filha e meu amigos pra vermos 'metrópolis' com orquestra e ainda o meu tão desejado ingresso para o show de keith jarret. tive uma tarde recheada de bons prazeres, alimento da minha alma carioca que vislumbra paisagens que se hospedam na cinelândia!

terça-feira, 15 de março de 2011

MENINAS TRISTES

o encantamento arrebatador das meninas tristes de nicoletta ceccoli. essa imagem é uma das minhas preferidas. como disse meu amigo, POEsia.  tem algo de Poe, algo de Escher... E agora elas me lembrarm outras amigas, lindas e menos tristes, andréa, cris e georgia!

sexta-feira, 11 de março de 2011

DESENHOS ERÓTICOS DE KLIMT

os desenhos eróticos de klimt são uma verdadeira preciosidade. sensuais e envolventes, mesmo para os dias de hoje, revelam que o pintor tinha verdadeira obsessão pela beleza feminina. seus cadernos de desenho eróticos formam um belo retrato do feminino, um retrato despido de pudores. uma verdadeira delícia pros olhos.

terça-feira, 8 de março de 2011

DIA DA MULHER

desculpem, mas dia da mulher é o caramba! sou pela igualdade de direitos e torço por um tempo e um espaço em que as pessoas sejam tratadas como pessoas, e não como homens e mulheres! e não estou, afirmando isto, sendo machista e indo contra décadas de reconhecimento da mulher como parte integrante desse mundo. mas creio que precisamos dar, sempre e sempre, um passo a mais. viva o transgênero! viva flávio de carvalho, patti smith, frida kahlo, george sand, elke maravilha e laerte! em nome da superação do 'azulzinho pra menino' e 'rosinha pra menina'!

terça-feira, 1 de março de 2011

NICK DRAKE POR MARIANA MAGNAVITA

mariana magnavita compõem sua próprias músicas. é cantora e compositora. mas sua música tem dívídas com outros compositores e cantores. um deles é nick drake. mariana é uma brasileira-baiana, inglesa-oxfordiana e filtrou muito bem em seu trabalho o universo da música que ouviu desde criança. nick drake, com o clássico 'pink moon', ganha aqui uma versão com a percussão de jam da silva, caxixis e uma pegada que quebra o véu um pouco sombrio que há na interpretação original de nick drake. viola e cello, tão ao gosto da folk music inglesa, dão charme e força ao arranjo do chileno solovera, que comanda o violão. a música é universal e mágica. mariana magnavita é dona de rara beleza e de uma voz linda e demonstra nesse vídeo uma leveza e uma segurança ímpar. ensaio, passagem de som e show, tudo ligado pelo fio condutor da dança da menina que canta!o áudio é da apresentação ao vivo no solar de botafogo, no rio de janeiro.


fotos da apresentação no solar de botafogo aqui.
e aqui fotos do ensaio