domingo, 30 de novembro de 2008

O QUE VOCÊ TEM NA CABEÇA?


Escolha uma peruca e saia por aí!

RECICLAGEM

O peixe,
que antes vivia preso no aquário,
agora jaz,
nas páginas de um livro.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

RUBENS RODRIGUES TORRES FILHO


NIILIRISMO
É fácil confessar: - Claro, te quero.
O sobressalto desse teu sorriso.
Extravagantes luas exorbitam.

MATÉRIA PRIMA
Esta palavra contém
um poema
este poema não
contém palavras. Uma
palavra
e
outra
dançando a ciranda
compondo o
colar
Dou-te o colar
queres as contas
que são as contas
sem o colar
palavra água
palavra sede
feliz encontro
onde bebemos
sem freio

JANELAS
Minha amada me diz: - Mete.
Céus! Me sinto um meteoro -
e vou indo, feito um globo,
feito um bobo, uma vedete,
um luminoso sinistro.
Ela quer, alguém diria
(quem diria?), ela reflete
compenetrada alegria
por me sentir tão minério,
penhascos e companhia:
essa praia e seus mistérios.
A natureza copia.


Estes três poemas tomaram conta da minha cabeça neste começo de noite, encontram sua razão de estarem aqui por isso e por outros motivos também...
Rubens Rodrigues Torres Filho é poeta, filósofo, tradutor e germanista.
Site oficial: http://www.art-bonobo.com/rrtf/21.htm

VOCÊ É O QUE VOCÊ COME

Meu almoço de hoje, salada delícia irresistível com alface crespa, tomate cereja, pepino japonês, broto de alfafa, brócolis americano e couve-flor. Tudo orgânico, regado com azeite extra virgem e molho shoyu de boa qualidade. Não troco por nada, viu!

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Sem um pingo de paciência com a humanidade hoje.

domingo, 23 de novembro de 2008

DU BOS - SÉC XVIII

A alma tem suas necessidades
como as tem o corpo;
e uma das maiores necessidades do
homem é a de ter o espírito ocupado.
O tédio que segue em breve a inação
da alma é um mal tão doloroso para
o homem que ele empreende muitas
vezes os mais penosos trabalhos a fim de
poupar a si mesmo a aflição de ser por
ele atormentado... Na realidade, a agitação em
que as paixões nos mantêm, mesmo durante a
solidão, é tão viva que qualquer outro estado é
um estado de langor ao dessa agitação.
Assim, corremos instintivamente atrás das coisas que
podem excitar nossas paixões, embora tais coisas nos
causem impressões que nos custam muitas vezes noites
inquietas e dias dolorosos: mas os homens
em geral sofrem ainda mais quando vivem sem paixões do
que quando elas o fazem sofrer.

sábado, 22 de novembro de 2008

DESASSOMBRO


ultimamente tem sido assim,
uma insônia abriga esse assombro.
chá verde, internet, mp3 e rabiscos...
o dia nasce e eu amanheço,
procuro sombra.
o sol me pega pela mão
giro, circunflexa.
então ando, como e bebo (às vezes demais!),
escrevo, danço, avisto o mundo, disparo flechas,
deleto perfis, saio nua por aí.
marco uma viagem, só a volta.
se tu quisesses, eu dormiria!

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

MINHA ARMA É O QUE A MEMÓRIA GUARDA

A Panair do Brasil era para mim, até ontem, uma espécie de mito. Lá nos sertões de Minas, onde avião demorou muito a pousar, eu só conhecia a Panair através da música do Milton Nascimento e do Fernando Brant na voz da Elis, um grito!! Ontem assisti ao documentário Panair do Brasil de Marco Altberg e me surpreendi com a bela aula de história sobre esse período (opss... ia falar período negro, perdão Zumbi!!!), sobre esse período lamentável da nossa história em que os militares deitaram e rolaram neste pais. Um caso de violência jurídica, uma das mais veladas e violentas formas de coagir, porque não sangra... Vale muito a pena ver este filme e mostrá-lo para as novas gerações. Não só porque nos conta uma 'história mal contada', mas também por mostrar a força da luta dos funcionários da antiga companhia em manter viva a memória da Panair . Eu ainda posso dizer que o filme me tocou de um modo muito particular e me emocionei de verdade quando o Paulo Betti interpreta a crônica de Carlos Drummond de Andrade "Leilão do ar" e Elis a canção do Milton e do Brant "Conversa de bar - saudades dos aviões da Panair". Os artistas realmente são as antenas desse mundo, essa crônica e essa canção falam mais que milhares de palavras.... Claro, todo o contexto traçado pelo filme é de fundamental importância para que tudo fique mais claro e o espectador possa, sozinho, compreender toda aquela história. Transubstanciar esse absurdo, essa indignação histórica em música, poesia e arte é realmente uma tarefa para poucos!!! Encontrei um post da música no youtube (não é a mesma imagem que a aparece no filme, mas é a mesma música e com a Elis - linda, vestida de dourado, como ela aparecia no grande poster pregado na melhor parede do meu quarto quando eu era adolescente, outras memórias....) A crônica do Drummond, infelizmente não encontrei.

Ontem tivemos um dia delicioso!. Eu, Juju, Pedro e Fernando fomos ao Instituto Moreira Salles ver a exposição do Alécio de Andrade que chega ao fim este final de semana, só isso já valeria o dia, a exposição está maravilhosa e Alécio de Andrade é um verdadeiro poeta da imagem em preto e branco, um grande mestre! Áí veio passeio pelo jardim do IMS, cafezinho, papo, cineminha... Bom, depois disso tudo, nos despedimos do Fernando e rumamos meio perdidos até cair no Buteco da Praia para comer um daqueles famosos sanduíches com abacaxi e mais empadinhas, pasteizinhos, chopinhos e tal... Decidimos acabar a noite no Bip Bip em Copacabana, que há mil anos não vou... E não posso deixar de registrar aqui a cena surreal que vimos: um cara com um florete na mão, treinando esgrima com um coqueiro, isso em plena praia do Flamengo!!! Enfim... encontramos o Gustavo no Bip e demos com a cara na porta. Alfredinho tirou o feriado para descansar e nós resolvemos ir até o Cafeína da Constante Ramos para adoçar mais ainda esse dia com aqueles doces maravilhosos!!. Eu tomei chá verde com cachaça!!! Juro!!! E, novamente na saída, mais uma cena surreal, um bichinho lindo, todo verde, todo folha, deu o ar da graça e deixou se fotografar.... na hora pensamos que era um louva-a-deus (na verdade eu jurava que era, efeito da cachaça, será?) mas agora vejo que não, louva-a-deus é mais magrinho, com a cabeça empinadinha... até agora não descobri o nome desse bichinho todo camuflado de folha...

terça-feira, 18 de novembro de 2008

THIERRY LE GOUÈS

Bom, já era tempo de eu falar alguma coisa sobre fotografia. Vou começar por este fotógrafo francês que eu adoro. Ele desenvolve um trabalho provocativo e nada convencional. Fascinado por corpos negros, realizou uma trilogia com este tema (POPULAR, AMAZONES, SOUL). Com excessão da série POPULAR em que o fotógrafo recorre ao filme colorido, nas duas outras séries SOUL e AMAZONES, Le Gouès aposta no preto sobre o preto. Suas modelos são besuntadas com uma espécie de tinta negra, realçando seus músculos, conferindo força e grandeza. Na série AMAZONES, os corpos das mulheres são adornados com jóias de grife (leia-se, Paco Rabanne), são quase deusas o que vemos. Mulheres guerreiras, fortes, mulheres-ébano esculturais, verdadeiras bonecas de piche, como chamaríamos aqui no Brasil, sempre são o foco deste francês. Certas fotografias beiram o surreal quando o fotógrafo abusa da possibilidade de deformação dos corpos que o uso de certas lentes pode provocar. Thierry le Gouès fotografa sempre com filme preto e branco e o resultado do seu trabalho resulta numa paleta de cores que varia entre o branco e o preto, passando pelos vários tons de cinza e de prateado. Veja mais: http://www.thierrylegoues.com/

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

O "LAGO" DO MACHADO

Gente, o que foi essa chuva de hoje? Choveu canivete!!!!! E justamente na hora da saída escola, do trabalho e de tudo. Levei um susto quando vi que a rua Conde de Baependi tinha se transformado em um rio. Demorei mais de uma hora para fazer um percurso que faço em 10 minutos... Não dava para andar pelas calçadas que circulam o Largo do Machado que na verdade se tranformou no "Lago do Machado". Tirei fotinhas no celular mas meu cabo pifou e não consigo fazer o download.... A enchurrada chegava a cobrir as rodas dos carros, os bueiros pareciam verdadeiros chafarizes e isso sem falar no cheirinho de esgoto, né? Um caos completo. Parou tudo, até o mêtro! E no meio dessa confusão fiquei (com as minhas super botas e meu íncrível guarda-chuvas, que não voou!!!) esperando a água baixar ligada na exclusiva "Rádio Urubu", aquela que pega tudo no ar! cantando a música gravada pelo grande Jards Macalé e que depois a Mônica Salmaso também gravou no seu "Iaiá". Achei um post no youtube na voz da Salmaso, aí vai!



Cidade lagoa
(Sebastião Fonseca e Cícero Nunes)

Essa cidade que ainda é maravilhosa
Tão cantada em verso e prosa deste o tempo da vovó
Tem um problema vitalício e renitente
Qualquer chuva causa enchente não precisa ser toró
Basta que chova mais ou menos meia hora
É batata, não demora. Enche tudo por aí
Toda cidade é uma enorme cachoeira
Que da praça da Bandeira, vou de lancha a Catumbi

Que maravilha nossa linda Guanabara.
Tudo enguiça, tudo para, todo trânsito engarrafa.
Quem tiver pressa seja velho ou seja moço
Entre n’água até o pescoço e peça a Deus pra ser girafa
Por isso agora já comprei minha canoa
Pra remar nessa lagoa, cada vez que a chuva cai
E se uma boa me pedir uma carona
Com prazer eu levo a dona na canoa do papai

domingo, 16 de novembro de 2008

VIVER NO RIO DE JANEIRO

Acordei com a luz do sol me convidando para sair.
Arrumei rapidinho minha bolsa, peguei o 569 na porta de casa e num instante estava contemplando o chafariz da entrada do túnel Rebouças, todo banhado de luz e de marias sem-vergonha, todas coloridinhas. O ônibus passa pela lagoa, esse espelho, espelho nosso; pelo cheiro úmido do Parque Lage, respiro fundo; e pelas palmeiras imperiais do Jardim Botânico, fecho os olhos e deixo aquele lugar entrar em mim.... Praia de Ipanema: uma barraca, jornal, mate, biscoito Globo, óculos escuros e muito filtro solar. Contemplo a praia vazia. Caminho até o mar, saúdo sua força cantando uma ciranda para Iemanjá. Arrisco um banho salgado e fresco. Adoro a praia assim, bem cedinho, pouca gente, sem o alarido dos ambulantes e com a maravilhosa luz dourada da manhã.

sábado, 15 de novembro de 2008

Hoje, no café da manhã, abri o caderno "Idéias" do Jornal do Brasil, como faço todo sábado, e tive gratas surpresas. Marcelino Freire que no próximo final de semana comanda a famosa 'balada literária' em Çampa bota a boca no trombone numa ótima e bem humorada entrevista (http://jbonline.terra.com.br/extra/2008/11/14/e141123792.html) ; Ferreira Gullar, nosso maior poeta vivo, se auto-revisa para a publicação de suas obras completas pela Editora Aguillar; e Flávio Moreira da Costa lança os 'melhores' contos da América Latina em mais uma de suas antologias. Tudo imperdível, não necessariamete nesta ordem, of course! Voilà!

BILLIE HOLIDAY E A CANTADA

A noite passada me deu uma puta vontade de ouvir Billie Holiday.... e como certas coisas andam juntas bebi uma boa dose de wísque. Dei uma fuçada no youtube atrás de posts desconhecidos dela... Na minha tela LCD o preferido é uma das mais belas imagens do jazz: Billie Holiday e os gigantes do jazz em uma gravação da CBS de 1957. Lindo, lindo, lindo!!



E sempre que vejo esses vídeos antigos de jazz tenho também uma enorme vontade de fumar um cigarro. Vai entender?! E isso tudo me fez lembrar uma das cantadas mais irresistíveis que já recebi. Não, eu não estou bêbada!! Na época da faculdade, numa dessas festinhas em casa em que bebíamos e fumávamos tudo o que aparecia pela frente eu tentei colocar um CD da Lady Day, mas fui completamente rechaçada por quase todos. No final da noite, quando todos se despediam, pedi um cigarro para o 'amigo de um amigo' que tinha aparecido. Ele me ofereceu o seu único cigarro e eu recusei dizendo que o último cigarro era inalienável. Mas na saída, depois de se despedir, ele (que era o carona) voltou correndo e me entregou o maço com um bilhete dentro que dizia: "Separe a Billie Holliday, o último cigarro e o tapete, que eu volto." !!

terça-feira, 11 de novembro de 2008

11 DO 11

08.45 - Sono e preguiça, Clarice me desperta, sorriso doce e abraço gostoso. Peço para ela abrir a janela, lufadas de vento fresco me tocam. Abraço o travesseiro. Na cabeceira da cama 'O último round' do Cortázar. Inspirada nele pego um papel.
09.20 - Levanto da cama. Chá de abacaxi, pão integral com manteiga e café. Jogo da velha, Clarice ganha.
10.oo - Faço um suco de melancia com gengibre. Muito sabor! Pinto as unhas da mão de 'quase preto'. Clarice faz dever de casa.
11.oo - Preparo o almoço. Clarice almoça. Enquanto isso, abro e-mails, a agenda e leio os jornais pela internet.
11.30 - Autumn leaves ao som de Miles Davis. Tomo uma ducha, me visto, levo o lixo para fora e saio para levar a Clarice para a escola.
12.18 - O porteiro faz um barquinho de papel, ganhamos a rua. Vamos conversando muito, falamos sobre o jogo, o ganhar e o perder, a importância de participar... minha filha tem 5 anos.
13.00 - Almoço: salada, fruta e suflê de mandioca. Pago a conta e dou de cara com ele. Enceno qualquer coisa, mas não olho.
13.40 - Encontro um quiosque de flores, fotografo.
14.00 - Lojas Americanas: creme para o corpo e uma camisola bem fresquinha.
14.45 - Em casa. E-mail novo, recebo um artigo que será publicado, última revisão. Marco um ortopedista (meu joelho tá reclamando de mim...).
15.00 - Faz calor, visto a camisola e sento para acabar o texto.
16.00 - Minha vizinha ouve música evangélica. não dá! preciso vencer no grito. Escolho um cd: Dizzy Gillespie, Sarah Vaughan e Charlie 'Bird' Parker. O som da vizinha não ouço, mas me desconcentro, o telefone toca.
17.00 - Abaixo o som, faço um café e rabisco umas coisas, o telefone toca.
17.10 - Saio, pego Clarice na escola, levo para a pracinha.
18.20 - Vou ao supermercado: peixe, mamão, pão, queijo e geléia. Esqueço o suco. Venta, mas não chove.
19.00 - Clarice: banho, lanchinho. Eu: pinto as unhas do pé.
20.00 - Ligo a TV, desisto. Ouço, então, Gula Matari do Quincy Jones.
20.30 - Passo as fotos que tirei pelo photoshop, publico.
21.00 - Eu e Clarice brincamos de fazer caras engraçadas, rimos muito. O telefone toca.
21.30 - Clarice recebe Sahija, uma amiguinha... mais brincadeiras, jantar. Escovam os dentes, cama. Ufa! O interfone toca, não atendo.
22.30 - Continuo no texto, será que terminei?
23.00 - Ouço Stone Flower do Tom Jobim. Disco lindo demais. Tomo um banho morno, relaxante. Choro me emociona. A campainha toca.
23.40 - Preparo um chá de camomila com canela. Bebemos, eu e Eleonora, navegamos pela internet, falamos bobagens, rimos...
00.10 - Conversinha básica e hilariante no MSN com a Belle.
00.30 - Desligo o computador. Deito na cama e continuo com 'O último round', duas páginas, apago a luz...

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

SUB-REPTÍCIA

Hoje, indagada pelo meu querer, descobri uma obsessão. Uma destas que vive nos rascunhos. Brigo com ela: "Cai fora, intrometida! Vê se te manca, sua maluca! Vai procurar sua turma!" Mas a dita parece que não ouve ou faz de conta que não é com ela. Aumento o som para que os vizinhos não ouçam. GRITO. Ela nem se move. Então eu fujo. Bato a porta, desço as escadas correndo e ganho a rua. Ando pelas calçadas meio que às cegas... míope que sou vejo somente as coisas: uma mochila verde, um vestido estampado, sacolas de plástico... tudo num vai e vem... O tempo muda, "raindrops keep falling on my head", procuro abrigo na lancheria. Peço uma bola de sorvete de creme, doce, gelada e um café preto, quente e amargo. Como um ácido o café betume agride o sorvete. Sorvo com delicadeza o líquido que me provoca. A chuva para e volto para casa calmamente. Abro a porta devagar e de dou de cara com ela, que não arredara o pé, a obsessão
sub-reptícia de ser exatamente isso que sou eu mesma.

DIÁLOGO FINAL


-É tudo que tem a me dizer? - perguntou ele.
-É - respondeu ela.
- Você disse tão pouco.
- Disse o que tinha para dizer.
- Sempre se pode dizer mais alguma coisa.
- Que coisa?
- Sei lá. Alguma coisa.
- Você queria que eu repetisse?
- Não. Queria outra coisa.
- Que coisa é outra coisa?
- Não sei. Você que devia saber.
- Por que eu devia saber o que você não sabe?
- Qualquer pessoa sabe mais alguma coisa que o outro não sabe.
- Eu só sei o que eu sei.
- Então não vai mesmo me dizer mais nada?
- Mais nada.
- Se você quisesse...
- Quisesse o quê?
- Dizer o que você não tem para me dizer. Dizer o que não sabe, o que eu queria ouvir de você. Em amor é o que há de mais importante: o que a gente não sabe.
- Mas tudo acabou entre nós.
- Pois isso é o mais importante de tudo: o que acabou. Você não me diz mais nada sobre o que acabou? Seria uma forma de continuarmos.

Contos plausíveis - Carlos Drummond de Andrade
Ilustração: Irene Peixoto e Márcia Cabral

quinta-feira, 6 de novembro de 2008

A ESTRELA DO JAZZ


Billie Holiday, Ella Fitzgerald, Sarah Vaughan, Carmen McRae e Anita O'Day formam, na minha opinião, as cinco pontas da estrela do jazz norte americano. Refiro-me, claro, às maravilhosas vozes femininas, para começo de conversa. Anita O'Day é a minha mais nova descoberta musical (obrigada, Soneto!!!). Dona de um swing absurdo, de gestos sedutores e de uma voz surpreendente, Anita faz a diferença. E quando eu gosto de uma coisa, eu gosto mesmo!! Ouço sem parar... Vi, recentemente, no Festival de Cinema do Rio o filme-dumentário Anita O'Day - The Life of a Jazz Singer, gostei muito e descobri que Anita O'Day foi uma sobrevivente da era do swing,do mundo das drogas, e de muito mais, vale conferir. Recomendo ainda as gravações realizadas pela Verve nos anos 50 que são maravilhosas e os posts encontrados no youtube da extraordinária apresentação da cantora no "Jazz on a Summer's Day". Se você gosta de jazz não vai se arrepender! e para dar água na boca:

QUINO E BILL WATTERSON



Calvin e Mafalda são personagens que fazem rir e pensar. Os dois têm mais ou menos a idade da minha filha, cinco anos, moram com os pais e não param de aprontar. Como não recortar e colar as tirinhas destes dois gênios em um caderno de memórias? Quem dança seus males espanta! E dançar com criança é a melhor terapia do mundo. Vamos lá, nem precisa ter o estilo do Calvin ou ensaiar os rodopios da Mafalda, o balé é seu!! E qual seria a sua trilha sonora?

terça-feira, 4 de novembro de 2008

PEDRA DE FEIJÃO


Por que sempre tem uma pedra no nosso feijão?

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

O POETA E A POESIA


"não fosse isso
e era menos
não fosse tanto
e era quase"
De vez em quando,
só o Leminski me salva!!

ARRUMANDO O ÁRMÁRIO

Arrumo o meu armário de portas de correr.
As quatro estações cabem em caixas e gavetas.
Uma caixa florida para piscina e praia,
Duas gavetas para as meias e blusas de inverno,
Outra para as meias mais finas, meia estação.
Guardo os sutiãs em uma pequena caixa.

Jogo fora as meias sem par, as calcinhas frouxas, os biquínis puídos de cloro, sal e sol. Uma canção me vem à cabeça: “Hoje eu vou mudar, arrumar minhas gavetas, jogar fora sentimentos e ressentimentos tolos...” minha mãe ouvia isso quando eu era uma menina... Vanusa, o fino do brega!
Como posso me lembrar tão bem dessa canção que nunca mais ouvi?
A memória, às vezes, nos denuncia!! Mas agora eu ouço jazz.
Anita O’Day equilibra meus sentidos com sua voz maravilhosa e surpreendente.

Separo minhas roupas também pelo cheiro, hábito que algumas pessoas possuem e cultivam. Como a Fermina em "O amor nos tempos do cólera", que descobre que seu marido a traia pelo cheiro diferente que sente nas roupas dele. O cheiro é a memória do corpo que insiste em se perpetuar na roupa. Então, se a memória é boa, guardo a roupa nas gavetas, se não, mando tudo para a lavanderia....