Hoje, indagada pelo meu querer, descobri uma obsessão. Uma destas que vive nos rascunhos. Brigo com ela: "Cai fora, intrometida! Vê se te manca, sua maluca! Vai procurar sua turma!" Mas a dita parece que não ouve ou faz de conta que não é com ela. Aumento o som para que os vizinhos não ouçam. GRITO. Ela nem se move. Então eu fujo. Bato a porta, desço as escadas correndo e ganho a rua. Ando pelas calçadas meio que às cegas... míope que sou vejo somente as coisas: uma mochila verde, um vestido estampado, sacolas de plástico... tudo num vai e vem... O tempo muda, "raindrops keep falling on my head", procuro abrigo na lancheria. Peço uma bola de sorvete de creme, doce, gelada e um café preto, quente e amargo. Como um ácido o café betume agride o sorvete. Sorvo com delicadeza o líquido que me provoca. A chuva para e volto para casa calmamente. Abro a porta devagar e de dou de cara com ela, que não arredara o pé, a obsessão
sub-reptícia de ser exatamente isso que sou eu mesma.
2 comentários:
Sorvo com delicadeza o líquido que me provoca. UAU! gostei do texto Deia. olha, postei la no meu blog falei de vc, me diz se está td bem ou não.
bjs
"Como um ácido o café betume agride o sorvete"
Sem palavras.
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