sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

PORTA-ALIANÇAS



Diretamente do fundo do baú! Fotos antigas, eu com carinha de anjo, no auge da minha primeira infância. Levei alianças até o altar 7 vezes. 7 vezes!!! Juro! Fui a primeira filha, a primeira neta e a primeira sobrinha da família, acho que não tinham muita opção!!! Eu era o tipo perfeito, bonitinha e bem comportada! Minha mãe diz até hoje que só dei trabalho a partir dos vinte anos!!! Mas não fui daminha só dos meus tios não, fui das vizinhas também! Certa vez fui convidada no meio da rua para ser dama de honra de um casal. Eles pagaram tudo, o vestido, o cabelereiro, sapatinhos e tal... Acho essa história incrível! E posso dizer que nunca tive vontade de me casar em igreja por conta dessas experiências, engraçado isso. Agora, que me deu vontade de ter 7 maridos, isso não posso negar!!!

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

VENTANIA

um vento bravo entrou pela minha janela, derrubou o vaso de terra no chão, fez rolar a bola branca da luminária japonesa pela casa inteira, bateu a porta da sala com estardalhaço e quebrou o vidro que se estilhaçou em mil pedaços.
por um momento pensei, é ele o vento e eu o vidro, mil pedaços que agora não fazem sentido algum.
na confusão louca dos meus sentimentos pedi distância, tempo pra pensar no que não se pensa.
bobagem, "o que a gente sente, sente."
e esse vento ventante, ventador e altaneiro refrescou tudo a minha a volta.
entrou num rompante.
impossível colocar rédeas se ele entra sem pedir licença.
se ele é solto e livre e forte,
como um desejo.
"como um sangue novo
como um grito no ar
correnteza de rio
que não vai se acalmar"

DIVAGAÇÕES NA MADRUGADA

Pra Juju e a Jojo

domingo, 22 de fevereiro de 2009

CONTERRÂNEOS VELHOS DE GUERRA

Era uma noite de domingo de carnaval, mas não era dia de descanso, pelo contrário, o trabalho ali não parava. O ano 1969, há exatos 50 anos. O lugar: Brasília, ou melhor, a construção da cidade moderna. Brasília era um imenso canteiro de obras, quase 100 mil trabalhadores com suas famílias tocavam a obra para a data marcada para a inauguração: 21 de abril de 1960. O fato, ocorrido no dormitório de uma das grandes construtoras de Brasília, a Pacheco Fernandes, até hoje é envolto em névoas. Cansados de engolir uma comida de péssima qualidade, os candangos se manifestaram e foram reprimidos a bala pela Guarda Especial de Brasília (GEB) dentro de seus alojamentos, enquanto muitos dormiam. A imprensa, na época, foi impedida de comentar, somente um pequeno jornal mineiro publicou uma matéria denunciando a chacina e relatando o descaso e as condições sub-humanas as quais os verdadeiros construtores da futura capital estavam submetidos. Até hoje não se sabe o número de mortos, alguns dos candangos que foram testemunhas e sobreviventes da chacina falam em centenas de homens, caminhões de corpos enterrados em vala comum. Vladimir Carvalho, cineasta paraibano que dedica sua vida realizando documentários sobre o Brasil, foi um dos poucos mexer esse assunto não grato. "Conterrâneos Velhos de Guerra" é um filme corajoso, trata da construção de Brasília do ponto de vista dos trabalhadores e procura desenredar o fio da memória para que ele não nos leve ao esquecimento. É preciso lembrar o que foi sufocado, apagado e esquecido para que futuras gerações possam aflorar novas memórias dos subterrâneos da invenção do poder.

sexta-feira, 20 de fevereiro de 2009

OUTROS CARNAVAIS

A primeira foto é um registro do meu pai e minha mãe no baile de carnaval do Praia Clube em Uberlândia. A outra foto somos eu e minha irmã Vanessa, na matiné do mesmo clube. Acho que as fotos são de 76/77, imagino eu. Tá faltando aí minha irmã mais nova que deveria ser uma bebezinha!! O que eu me lembro desses carnavais era que minha mãe se enfeitava toda e eu ganhava aquelas tradicionais estrelinhas coloridas pra enfeitar meu rosto também, além disso usava o blush rollon da Avon que ela tinha e eu mesma fazia duas bolas vermelhas em minhas bochechas. Sei que me perdia no salão da matiné, que tinha muita serpentina e confete e que não gostava muito da muvuca (dá pra perceber vendo a minha cara de pura diversão!!!). Meus pais pularam o carnaval praiano por anos a fio! Foi uma tradição na vida deles! Lembro ainda dos amigos do meu pai que tocavam trombone e trompete e que sempre trabalhavam nas bandas dos clubes garantindo assim um dinheirinho extra. O que mais me chama a atenção nessas fotos é que são uma propaganda explícita da Coca-Cola numa época em que seu slogan era "Isso é que é", que se tranformaria depois em "É isso aí" e enfim... Eu até gosto de carnaval, mas não gosto de multidão. O que complica muito! Curti demais o carnaval carioca de uns 5, 4 anos atrás, fui a todas as apresentações do Flor do Sereno, desde quando ele saia na Atlântica! Hoje tem gente demais e não dá pra 'brincar' como eu gostaria! Ô saudades!!

achei a foto das bochechas com blush!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

RETRATO DE UM DIA

. ........ foto: rvk
acordei com a faxineira em casa, quitéria sempre reclama do calor, chova ou faça sol. almocei salada de feijão fradinho e levei clarice na escola. consegui o desconto esperado, 50%!! vou ao banco, pego um ônibus e chego no paço imperial. burle marx à mancheia. quanta cor, curva e jardim. homem extraordinário, cantava lindamente, mostra o vídeo que vi. saboreio tudo isso com um gosto na boca de coca-cola e café. depois caminhamos pelo arco dos teles. mais ônibus, calor e leque. despedida sisuda no ponto final. tomo uma ducha e pego clarice que pede açaí com tapioca no tacacá. jantamos pastel de queijo com arroz integral. e agora, na tela do computador, vejo fotos e mais fotos do carnaval. e na luz fria do quarto escuro penso com calma na grandeza dos homens. burle marx foi um homem genial! quanta vida naqueles olhos! o aterro do flamengo, a calçada da avenida atlântica e os jardins da pampulha são visões que eu jamais poderia esquecer! penso no largo do machado e no parque guinle, tão pertos de mim, projetados por ele e tão desprezados, sujos e entregues ao descaso de certos homens, outros. isso sem falar no aterro do flamengo que abriga família inteiras. acho que não estávamos preparados pra tanto! um homem à frente de seu tempo, sem dúvida, sem dúvida!!

MAFALDA

segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

PIN-OKIA

Como eu havia prometido, aí estão as fotografias que fiz na PIN-OKIA, minha câmera pinhole de filme 35 mm ASA 100. Gostei do resultado, principalmente por se tratar de uma primeira experiência. As imagens ficaram muito esverdeadas, dei uma corrigida básica no photoshop adicionando um pouco de magenta, pero... Confesso que fiquei tentada em comprar o super colorido Reala, da Fuji, pra fazer novos experimentos. Acho que o lance das cores é fundamental aqui. Diferente da experiência com a câmera de lata e com papel p&b, pois são processos distintos. Com o negativo de 35 mm tenho uma maior rapidez na exposição e a latitude do filme ajuda no resultado. No papel a possibilidade de erro é bem maior. Esse filme foi "batido" numa tarde, com exposição em torno de 4 segundos no sol, 7 segundos na sombra e cerca de 12 segundos no interior.

supermercado zona sul

escadaria do arte sesc - flamengo

instituto bennet - do chão

instituto bennet, flamengo, do chão.

mercadinho são josé, do tapume


biblioteca da unirio, da calçada.

praia de botafogo, no chão

café do atêlie da imagem

clarice lendo na sala amarela.

supermercado zona sul, das maças.

telemar, do postinho


tv. euricles de matos, laranjeiras, do lixo.


instituto benjamin constant - urca

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

OS TRAPALHÕES



Passeando pela blogsfera encontrei esse vídeo sensacional. Dei muita risada, imperdível!

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

PALADAR REFINADO?

Saramago disse hoje no seu Caderno: "Meter uma lagosta viva em água a ferver e cozinhá-la ali é uma velha prática culinária no mundo ocidental. Parece que se a lagosta já for morta para o banho, o sabor final será diferente, para pior. Há também quem diga que a rubicunda cor vermelha com que o crustáceo sai da panela se deve justamente à altíssima temperatura da água. Não sei, falo por ouvir dizer, sou incapaz de estrelar convenientemente um ovo. Um dia vi num documentário como alimentam os frangos, como os matam e destroçam, e pouco me faltou para vomitar. E outro dia, que não se me apagou da memória, li numa revista um artigo sobre a utilidade dos coelhos nas fábricas de cosméticos, ficando a saber que as provas sobre qualquer possível irritação causada pelos ingredientes dos champús se fazem por aplicação directa nos olhos desses animais, segundo o estilo do negregado Dr. Morte, que injectava petróleo no coração das suas vítimas. Agora, uma curta notícia aparecida nos jornais informa-me de que, na China, as penas de aves destinadas a recheio de almofadas de dormir são arrancadas assim mesmo, ao vivo, depois limpas, desinfectadas e exportadas para delícia das sociedades civilizadas que sabem o que é bom e está na moda. Não comento, não vale a pena, estas penas bastam."

E os caranguejos que também vão pra água fervente ainda mexendo as garrinhas? E o tal do patê de Foie Gras (literalmente fígado gordo) que é produzido a partir das maiores atrocidades contra os gansos? Ultimamente tenho colaborado muito pouco com a matança de animais e o descaso com a natureza. Procuro ser uma consumidora consciente, uso e abuso dos alimentos orgânicos, ecologicamente corretos e tal... Evito ao máximo qualquer desperdício com os alimentos. Reduzi drasticamente o consumo de carnes, qualquer uma delas. Mas os alimentos orgânicos são muito mais caros e nem sempre posso comprá-los como gostaria. Adoro picanha, feijoada e salaminho, mas como com a felicidade de uma criança uma proteína de soja bem preparada ou um belo ovo caipira estrelado. E assim vou, procurando um equilíbrio para não deixar a balança pender muito para o lado de lá. O corpo também agradece!

TODAS AS CORES

LA LUNA

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

DA CABEÇA AOS PÉS

Andando pelo Flamengo hoje à tarde, com uma pressa danada para pegar minha filha na escola, parei impaciente num sinal vermelho e fiquei esperando. Devo ter ficado ali alguns segundos, mas foi o tempo suficiente para receber um surpreendente elogio por parte de um homem que, como eu, esperava o sinal abrir. Ele me olhou e de cara disse: "Acho tão bonito flores no cabelo, as mulheres deveriam se enfeitar mais com flores! Seus pés também são lindos!". E com um sorriso de lado atravessou a rua correndo me dando um tchauzinho. Foi tudo tão breve que nem me lembro direito da pessoa. Fiquei admirada com o poder de observação desse homem, geralmente são as mulheres que são rápidas assim para olhar e comentar. Como ele podia ter certeza que a minha flor era de verdade? Como ele pode olhar para os meus pés e para o meu cabelo em segundos e ainda me dizer o que estava pensando? Sua voz era bonita e ficou ressoando na minha cabeça entre buzinas e o barulho de automóveis passando. Eu adoro o lirismo das flores no cabelo, flores naturais. Minha maior inspiração nesse sentido sempre foi Lady Day. Tenho grande admiração por Billie Holiday, não só pela sensualidade de sua voz, mas também pelo luxo da bela flor de gardênia que exibia nos cabelos quando se apresentava em público. Depois disso o sinal abriu e continuei meu trajeto, agora com menos pressa. Fiquei, no entanto, pensando: onde é que eu vou encontrar uma flor de gardênia?

domingo, 8 de fevereiro de 2009

FUMAR ERA SONHAR


Muito antes do cowboy da Marlboro entrar em cena ou da década de 80 vincular imagens de esportes radicais e cigarros, a publicidade da insdústria do tabaco vivia da sedução e do glamour da imagem feminina. A propaganda de cigarros sempre foi extremamente criativa e bonita. Atrizes famosas do cinema mundial como Rita Hayworth, Marilyn Monroe, Marlene Dietrich, entre outras, foram fotografadas com piteiras e cigarros à mão, imagem que correspondia com a emancipação e o requinte das mulheres nas primeiras décadas do século XX. As imagens abaixo são de comerciais ou de capas da antiga Revista Souza Cruz.
Musa inspiradora. 1917
Brejeira, 1932
A enigmática. 1921-1951.
Ousada. 1931-1933.
Antropomorfismo. 1920.
Um camafeu, 1918-1929.
Cigana e sedutora. 194-1941.
Liberdade. 1918-1959.
Homenagem. 1918-1923.
Insinuante. 1931
Sensualidade, ousadia. 1915.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

EU POR ELA

Nora Fortunato, a violoncelista mais bonita que já conheci, presenteou-me nessa bela manhã de sábado com palavras tão especiais que vou repetí-las aqui, menos por minha modéstia que pela beleza da sua poesia. E nem vou ficar reproduzindo clichês sobre as amizades e os belos encontros. Mas como é bom poder compartilhar afetos, risadas, besteiras (muitas, são a nossa especialidade!!) e o incondicional amor de e pelas nossas filhas! Ontem passamos um dia lindo com praia, banho de mar, piscina, cervejas (etc e tal...), almoço com os amigos, mordomias, passeio pelo aterro do flamengo com direito a flores colhidas pelas meninas. Uma jornada de cheia bons augúrios! A minha vida estará sempre aberta, você não precisa pedir licença Nora!

Sei que em algum canto está ela retratando cheiros e cores para reflexos que poderiam passar imunes não fosse sua graciosidade e sutileza . Ela apalpa uma flor, sente sua textura, se pudesse degustaria com a boca esta flor . Para quê? Para entendê-la, captá-la, sentí-la? Chuto o verbo saborear. Seu sorriso tem a ver com um lado infantil de conhecer. È um sorriso do observador que penetra o que escolheu. Com ela, vem toda uma forma de olhar, de estar Ela contribui para o mundo dos seus amigos. Com ela me emancipei.

uma descrição do que Andrea Lion é, para mim

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

o dia tá lindo.
o calor insuportável.
não tenho dinheiro.
vou sair a tarde.
tomar banho de mar.
fritar no sol.
comprar acetona e jornal.
censurar algumas cores.
ver o mar em preto e branco.
desligar-me daquilo que me amarra.
sintir-me uma barata tonta
de sol e calor,
pronta para ser mordida.
mas não quero carne de ninguém.
sonhei com ele hoje,
no melhor do nosso tempo.
mas não paro pra pensar nisso.
acordei ao lado de uma coisa boa
que num abraço despediu-se
e com meu rosto entre suas mãos beijou-me a boca.
arrumo minha bolsa,
filtro solar, água e um livro do leminski.
de vez em quando,
só a poesia me salva.

Quadro de Monica Lion

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

EDWARD CURTIS


Aproveitando a deixa da minha amiga, poeta, musicista e comediante Nora Fortunato, vou falar um pouco de Edward Curtis, fotógrafo norte-americano. Curtis nasceu em 1868 e seu interesse pela fotografia e pelos índios de seu país foi bastante precoce. Autodidata, confeccionou sua própria camera e começou a fotografar os nativos da região de Seatle, lugar onde morava, em um projeto que hoje resulta em 20 volumes de textos, 20 pastas e aproximadamente 2.500 imagens intituladas The North American Indian. Seu trabalho talvez seja o mais importante registro norte-americano de identidade visual dos costumes e tradições dos vários povos indígenas ancestrais do país. Curtis tinha consciência da morte dessas culturas nativas com a chegada das novas malhas ferroviárias, a expansão territorial, entre outros fatores... Os retratos são impressionantes, a força de cada linha do rosto de homens e mulheres que em poucos anos teriam seus descendentes dizimados de suas terras são de uma realidade brutal. No Brasil talvez possamos comparar o trabalho de Curtis com a pesquisa etno-fotográfica de Cláudia Andujar, fotógrafa que dedica sua vida ao conhecimento e registro da cultura yanomami. Quem mora ou vai a Curitiba poderá apreciar a exposição o "Legado Sagrado" de Curtis que está na Galeria da Caixa até 1 de março de 2009. Espero que essa exposição venha logo para o Rio de Janeiro. E quem tiver intresse em conhecer virtualmente alguns dos incríveis retratos desse fotógrafo aventureiro é só clicar aqui.

domingo, 1 de fevereiro de 2009

CLARICES

Laranjeiras e Cosme Velho andam ganhando por suas ruas vários desenhos em 'stencil', essa técnica de desenho em papelão ou chapa vazada. Já cruzei com Friedrich Nietzsche, Clarice Lispector e a clássica "seja vegetariano". Não resisti nesse domingo à noite quando eu e minha filha cruzamos com um deles ao descer a rua do Cosme Velho em direção à Rua das Laranjeiras, nosso "caminho da roça", e fiz a foto com as duas Clarices. Duas inspirações... E agora me lembrei que li 'não sei onde' (acho que no JB) uma matéria sobre uma garota que tira fotos de pessoas nas ruas segurando um livro ou uma foto de Clarice Lispector na intenção de divulgar e estimular a leitura de sua obra. Sei que ao menos curiosidade esse trabalho vem despertando nas pessoas. Creio que a idéia do 'stencil' deve ser um pouco por aí. Vou ver se recupero essa leitura e acrescento aqui a referência correta!!