quinta-feira, 30 de outubro de 2008

EXERCÍCIO MONOCROMÁTICO

Porque sempre é possível contar a mesma história de modo diferente...
Porque sempre é possível ver a mesma coisa com outros olhos...
Porque sempre é possível que coisas diferentes sejam uma coisa só...


segunda-feira, 27 de outubro de 2008

BELO HORIZONTE


O pequeno vaso sobre a mesa é de plástico rosa e abriga vários tipos de suculentas.
A garçonete do café, sentada atrás do balcão, come apressadamente alguma coisa massuda enquanto fala alto com outro colega de trabalho.
A luz da vitrine é forte demais e o salão está praticamente vazio.
A Serra do Curral, adormecida e soberana, é emoldurada pela grande janela de concreto vermelho.
O capuccino veio ralo, com gosto de nada e sequer me aquece
do vento que sopra frio e anuncia as pancadas de chuva previstas pela moça do tempo na TV.
Nada de Conversações. Nem abri o livro que tenho urgência na leitura.
E, por algum motivo que eu desconheço, teimo em registrar este momento, longe do Rio de Janeiro e dos acordes  do seu violão.

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

O CACIQUE DO SAMBA

Luiz Carlos da Vila foi embora para uma roda de samba com os imortais e vai fazer falta, era um homem pequeno, mas foi, com certeza, um dos maiores sambistas que o Brasil já teve. Compunha como poucos, era o nosso grande ‘poeta do samba’, poeta das vilas (Vila da Penha, e Vila Isabel), poeta das madrugadas....
Partideiro de raça, levava o nome do mestre Candeia para onde quer que fosse.
Eu o vi algumas vezes, e em todas me emocionei muito.
Estive presente em uma de suas últimas apresentações (talvez a última), no Carioca da Gema, cantando os sambas do Cacique de Ramos. Fica pra minha memória, pra memória do samba!!
Viva Candeia, Viva o Cacique de Ramos, Viva Luiz Carlos da Vila!!!!!!

domingo, 19 de outubro de 2008

SEIO POEMA

Pensei uma poesia para esta imagem...
procurei e não encontrei...
percebi que a própria imagem é poesia.
não esta imagem, mas a imagem do seio,
a lembrança do seio, a memória do seio.
Alento, sensualidade, calor, alimento,
prazer, beleza, surpresa de formas, cores, volumes.
E agora, escrevendo, lembrei-me de um poema.
Um soneto de As Flores do Mal. Baudelaire, claro!
Tem uma tradução do Guilherme de Almeida,
mas vai sem tradução mesmo.

La Beauté

Je suis belle, ô mortels ! comme un rêve de pierre,
Et mon sein, où chacun s’est meurtri tour à tour,
Est fait pour inspirer au poète un amour
Eternel et muet ainsi que la matière.

Je trône dans l’azur comme un sphinx incompris ;
J’unis un coeur de neige à la blancheur des cygnes ;
Je hais le mouvement qui déplace les lignes,
Et jamais je ne pleure et jamais je ne ris.

Les poètes, devant mes grandes attitudes,
Que j’ai l’air d’emprunter aux plus fiers monuments,
Consumeront leurs jours en d’austères études ;

Car j’ai, pour fasciner ces dociles amants,
De purs miroirs qui font toutes choses plus belles :
Mes yeux, mes larges yeux aux clartés éternelles !

segunda-feira, 6 de outubro de 2008

A MINHA PRAIA

Final de semana em Laranjeiras o convite já está feito:
No sábado é dia de ir à feira da Praça General Glicério fazer umas comprinhas (tapioca, frutas e flores), comer pastel de queijo e tomar garapa com limão na barriquinha do Bigode e depois curtir um chorinho.
O Choro na Feira é uma instituição cultural carioca, patrimônio musical irretocável do bairro de Laranjeiras. Gente bonita, grandes músicos, crianças, enfim... um prato cheio de imagens que eu adoro.




E porque a feira é aos sábados eu sempre me lembro do poema do Vínicius de Moraes "o dia da criação" e vou caminhando para a feira reinventando o poema de acordo com as imagens que vão pintando na minha frente. "porque hoje é sábado"...

Já no domingo, ainda em Laranjeiras, só que dessa vez na Praça São Salvador tem o 'Arruma o Coreto", uma roda de choro mais informal que acontece entre 11 e 13 horas. Com bastante espaço e uma generosa sombra das maravilhosas árvores da praça, a roda de choro já é um acontecimento. E para quem tem crianças é uma pedida e tanto, pois tem o parque infantil, sucesso garantido para a garotada. Para que sair de Laranjeiras? Minha praia é aqui, choro, feira e tranquilidade.

Essa minha paixão por música, feira e praça já é antiga. Quando morei em São Paulo ia praticamente todos os sábados na feira da Praça Benedito Calixto encontar os amigos. A movimentada feira do bairro de Pinheiros tem barraquinhas com deliciosas comidas dos mais variados tipos (doces caseiros, comida baiana, árabe, portuguesa), uma grande diversidade de sabores e cheiros pairam por ali... Além da boa comida é imensa a oferta de objetos de antiguidades, isso sem falar no chorinho que começa a tarde. Uma delícia! Passei tardes memoráveis ali ao som de Carlos Poyares, um dos maiores flautistas que esse Brasil já teve!


JARDIM BOTÂNICO


Passear pelo Jardim Botânico tem sido uma experiência maravilhosa.
Caminhar ao léu, sem destino certo pelas alamedas do arboreto, numa relax, numa tranquila, numa boa, me ajuda a tirar o stresse do cotidiano desta cidade tão cheia de carros e gente.
Andar descalça pela terra, pela grama, molhar o pé em água boa, beber de água da fonte, observar peixes, macacos, miquinhos, esquilos, grilos, formigas e todas essas coisas simples e completamente integradas no seu habitat pode parecer uma grande bobagem mas é fundamental para a busca do equilíbrio entre mente e do corpo.




Tom jobim tinha verdadeira paixão pelo Jardim Botânico e adorava passar horas andando por ali, todos dias. Sorte de quem mora tão perto de um espaço tão maravilhoso como este. Sempre que posso vou. Vou com minha filha ou sozinha, mas vou, me sinto revigorada. Me perco e me acho pelas alamedas do arboreto.
Para mim é fundamental abrir os sentidos e explorar os cheiros e os barulhinhos tão peculiares desse lugar que é uma ilha de beleza rodeada por ruas, automóveis, buzinas e gente.
E aproveito, claro, para fazer o que mais gosto, fotografar todas estas grandezes e miudezas e imprimir luzes, cores, sombras...