ontem, no teatro oi casagrande, houve a premiação do zilka sallaberry, prêmio dedicado ao teatro infantil e que chega a sua nona edição.
a noite foi marcada não só por diversos erros técnicos nas transmissões, vídeos e homangens, uma gafe tecnológica num teatro patrocinado por uma pesquisa de ponta na área. lamentável. o nome impresso no convite, por exemplo, era sétimo premio zilka sallaberry...
mas, mais lamentável ainda, foi perceber que numa noite em que a classe do teatro infantil se junta não foi falado por ninguém que nesse mesmo dia foi anunciado pela prefeitura do rio de janeiro o fechamento do teatro municipal do jockey, teatro que tem sua programação quase que exclusivamente voltada para o público infantil e que abriga um centro de referência sobre a cultura infância na cidade. ou seja, deveria ser um dia de luto para quem trabalha com a cultura para a infância no rio de janeiro.
daí penso, o que há para se comemorar? o que importa são prêmios pessoais? até quando essa classe poderá contar com teatros públicos para realização dos seus projetos?
o secretário municipal de cultura do municipio, marcelo calero, não foi ao evento, mandou um representante, provavelmente com medo de alguma vaia do público que, infelizmente, não veio. a impressão que fica é que aquelas pessoas estavam no lugar errado, na hora errada. será que defendem uma política pública pra o teatro infantil? não creio, o silêncio sobre o fechamento do teato do jockey foi terrível, apesar de esclarecedor.
ano passado morreu lúcia coelho, uma mulher que teve toda a sua vida dedicada ao teatro infantil na cidade do rio de janeiro, um baluarte. o prêmio zilka sallaberry homenageou monteiro lobato, esse monstro sagrado e consagrado, todos nós sabemos... mas cadê a valorização e reconhecimento ao trabalho de lúcia coelho pela classe num dos maiores prêmios dedicados ao teatro infantil?
lamentável, lamentável.
quarta-feira, 8 de abril de 2015
segunda-feira, 6 de abril de 2015
SOBRE A CULTURA DA VIOLÊNCIA
Breve, mas contundente, reflexão de Miguel Vell que compartilho aqui por achar
importante a relação que ele faz da violência com a cultura e a infância. Menores sendo
mortos com tiros de fuzil em processos de pacificação da cidade, fechamento de
teatro voltado à formação de público infantil, projeto de redução da maioridade
penal... absurdo, absurdo, absurdo.
"Falo do ponto que me toca.
Na mesma semana que a Prefeitura do Rio anuncia o fechamento
do Teatro do Jockey (no grupo Reage, artista), mais uma criança é assassinada do outro lado da cidade no
conturbado processo de Pacificação (?) no complexo do alemão. O que um assunto
liga ao outro, deixo para discorrer mais adiante. Por hora falemos do Teatro do
Jockey, encarado pela atual administração da Secretaria Municipal de Cultura
como um “problema” a ser resolvido imediatamente. Um problema orçamentário,
obviamente. O que se coloca aqui não é o que desrespeitosamente foi colocado na
reunião do dia 1º de abril. Uma gestora que está há doze anos à frente de um
projeto que dificilmente é lido sem as arcaicas cargas de preconceito que
cercam o gênero teatral dedicado à Infância, não poderia ser vista como um
personagem incômodo. Acho extremamente desrespeitoso alguém dizer, com toda
leviandade possível que também quer um teatro para si, sem entender o que
verdadeiramente está em jogo nessa história. A contrapartida está numa promessa
de abertura de outros dois espaços em regiões pouco favorecidas culturalmente.
Mas não seria melhor ficarmos com o Jockey e com a abertura de novos espaços?
Por que uma exclui a outra? Questões orçamentárias??? Poderíamos então levantar
outra discussão sobre a manutenção “das excelências”, que absorvem diretamente
uma quantia extremamente desigual comparada aos valores dos “fomentos”.
Poder-se-ia pensar em novas formas de redistribuição desta verba sanando a
chamada “pressão do Jockey Club” em aumentar o valor do aluguel do espaço. Mas
parece ser fácil arrastar o Centro de Referência Cultura Infância para um outro
lugar, provisório, com data de vencimento breve. Como a própria Infância.
E não, nem todo mundo quer um teatro para si, diferentemente
do que foi dito no encontro. Ter um espaço significa ter um projeto. Nesses
doze anos de gestão, vivi no Teatro do Jockey momentos que vou guardar para
sempre. Como artista, como espectador e como estudioso da Infância. E sei que
muitos que estavam presentes no encontro, viveram momentos iguais aos meus
também naquele espaço. Mas, nessa hora, é melhor esquecê-los. Como se esquece
da própria Infância. Posso arriscar que o Teatro do Jockey foi, durante este
tempo todo um dos espaços mais democráticos da cidade. Dialogando com todas as
formas de expressão cultural, sejam voltadas para o público adulto ou
infanto-juvenil. A Secretaria Municipal de Cultura está, isto sim, desistindo
de um dos mais bem sucedidos projetos de gestão, desde a criação deste formato.
Mais uma vez, a Infância é vista como uma forma menor. Em
pleno 2015, ainda insistem na nesta cegueira muitas vezes nascida e alimentada
pela própria classe artística. Não posso deixar de lembrar que no início da
década passada, a mesma gestora arrastava centenas de pessoas em outro espaço,
o Centro Cultural Light, para apreciar de forma gratuita uma das melhores fases
que o Teatro para a Infância viveu nessa cidade. O Centro Cultural Light é o
Teatro do Jockey de amanhã. Alguém sabe do que se passa por lá?
No todo, temos menos um teatro na cidade, temos um novo
secretário cumprindo ordens e temos, mais uma vez, um duro golpe em quem
insiste em fazer do Teatro para a Infância, um espaço de crescimento e
construção, mas se quiserem falar a língua do atual secretário Marcelo Calero, também um lugar de renovação
de público.
Acho que nesta altura do texto, tentar a relacionar a bala
que matou mais uma criança em prol de um projeto político deixa de carecer
maiores explicações. Mata-se. Literalmente e metaforicamente, mata-se."
Miguel Vell
quinta-feira, 2 de abril de 2015
DESPIR UM SANTO PARA VESTIR OUTRO
ontem, o secretário de cultura da cidade do rio de janeiro, marcelo calero, anunciou, em reunião no Reage, artista!, o fim do teatro do jockey e a transferência do centro de referência Cultura Infância Rio para o teatro maria clara machado, no planetário.
pra quem não sabe, o planetário é um teatro cheio de problemas técnicos, mofado e que, além disso, só poderia abrigar o centro de referência até dezembro, pois é um teatro de editais. e depois, pra onde iria o centro de referência?
o centro de referência cultura infância existe há mais de uma década no jockey e é especialmente conhecido por conta de seu trabalho de formação de público infantil; pelo espaço privilegiado, amplo, com a presença da natureza, dos cavalos e dos gatinhos que fazem parte do imaginário infantil. memória do espaço e afeto intrinsecamente ligados.
a Secretaria Municipal de Cultura do Rio de Janeiro alega economia nos custos, ampliação de suas atividades fora da zona sul...
como se diz lá nas minhas minas gerais, não se deve despir um santo para vestir outro...
a mim não parece que a prefeitura está sem verbas, visto os orçamentos estratosféricos para os eventos "rio 450 anos".
nem preciso acentuar a diferença entre evento e política pública ou construção de platéia. né? ou diferença entre política de um gestor e política pública de verdade, né? o que deveria ser a mesma coisa, mas não é...
be-a-bá essa hora, não!!
como eu sempre digo, é tão fácil ter ideias incríveis, quero ver essa ideia incrível estar viva e criando raízes durante 12 anos.
o teatro do jockey, em pouco mais de uma década, teve um público de quase 500 mil pessoas numa lotação de 135 lugares.
esse espaço abrigou o primeiro e abrigará o II Forum Nacional Cultura Infância
porque é ali que essas discussões entorno da infância dentro das politicas publicas se dão, isso em consonância com plano nacional de cultura do governo federal.
mas tem gente que acha pouco, vai entender...
Assinar:
Postagens (Atom)