sexta-feira, 24 de julho de 2009

NÃO VOU PRO CÉU

"teu sorriso é uma navalha
que abre o meu coração"

Aproveito o silêncio destes dias sozinha em casa para ouvir joão. e ouço diariamente, duas vezes ao dia, pelo menos. As letras são lindas e o violão doce, mais lírico do que nunca. É um disco que me remete ao passado, possui uma ancestralidade latente, não só por trazer de volta a parceria João Bosco e Aldir Blanc, que foi tão importante pra música brasileira e que volta com força em quatro faixas do disco, mas também pela sonoridade (palavrinha tão em moda ultimamente) que é tão limpa, água pura da fonte. E a fonte aqui é, obviamente, Orlando Silva, João Gilberto, Caymmi, as paisagens mineiras e, claro, o nosso Rio de Janeiro. Sete das treze faixas é só voz e violão, o que evoca um intimismo grande, é como se o João tivesse ali no meu sofá tocando... Quem dera!!! Aldir colocou letra em “Mentiras de verdade” e “Plural singular” e João fez música os poemas “Navalha” e “Sonho de caramujo”. "Jimbo no Jazz" é ótima, parceria com o velho malando Nei Lopes. Os contorcionismos vocais de João estão praticamente ausentes, restou um intérprete que se não vai pro céu, nos deixa nas nuvens!

1. Perfeição (João Bosco e Francisco Bosco)
2.
Navalha (João Bosco e Aldir Blanc)
3.
Pronto pra Próxima (João Bosco e Carlos Rennó)
4.
Tanto Faz (João Bosco e Francisco Bosco)
5.
Pintura (João Bosco e Carlos Rennó)
6. Desnortes (João Bosco e Francisco Bosco)
7.
Tanajura (João Bosco e Francisco Bosco)
8.
Mentiras de Verdade (João Bosco e Aldir Blanc)
9. Jimbo no
Jazz (João Bosco e Nei Lopes)
10.
Plural Singular (João Bosco e Aldir Blanc)
11. Ingenuidade (
Serafim Adriano)
12.
Alma Barroca (João Bosco e Francisco Bosco)
13.
Sonho de Caramujo (João Bosco e Aldir Blanc)

9 comentários:

figbatera disse...

Sou fã do (tb) mineiroca João Bosco; este disco deve estar mesmo muito bom.

ps: pois é, Andréa, a chuva me pegou aqui no Rio, atrapalhando as caminhadas matutinas à beira-mar. Mas nada atrapalha a programação musical; de quinta até ontem já curti 3 shows (dei uma canja no Allegro) e hoje tem mais 2...
Beleza!

Sergio disse...

O João, com Aldir, foi uma tara minha entre os 70/80, quando comprava cada LP que Bosco & Blanc lançavam. Acompanhei a carreira desse cara, um dos mineiros mais cariocas do Leblon - só do Leblon, pq, mineiro tem esse mimetismo todo próprio à ‘raça’ - quando mantém o sotaque então, adoro! Mas mais nas mulheres...

Enfim, fui a muitos shows, entre eles destaco um, ele e o grande percussionista Chacal, aqui no Teatro Casa Grande, que foi inesquecível! Mas o divórcio dele com o Aldir não lhe fez muito bem à carreira. Realmente, o que disseste bem como "contorcionismos vocais" começaram desgastar bastante os trabalhos mais recentes, em relação ao seu público fiel. Mesmo ele ainda fazendo boa música! A parceria com o filho é legal e tal, mas... Veja como agora nem sei mais por ande anda a carreira de João Bosco: esse disco que comentas, por ex., é o último dele? Não sei. Li há um ou dois anos, que ele e Aldir reataram, mas perdi João Bosco de vista! Será que é influência do Jazz?...

Nem mais o encontro nas caminhadas diárias que sei que ele faz religiosamente. Mas nesse caso fui eu que mudei o intinerário. Agora minha trilha é na Lagoa.

Anfã, Bom te conhecer.

Érico Cordeiro disse...

Cara Andréa,
Sobre o João Bosco, ando meio como o Sérgio, não tenho acompanhado tanto a carreira - pelo menos com a mesma atenção de outrora - e também acho que o fim da parceria não fez bem prá nenhum dos dois.
Eles fizeram coisas antológicas nos anos 70 - a lista de grandes canções é imensa - e espero que a retomada se dê no mesmo nível de antes. Que venham outros "Kid Cavaquinho", "Bijuterias", "De frente pro crime"...
Os shows dele (já vi uns seis ou sete), realmente, são maravilhosos - lembro de um com o Jamil Joanes e o Victor Biglione que foi excepcional. No outro reencontrei a Cláudia (irmã de um grande amigo e que eu não via há anos) e estamos juntos até hoje - daí porque ele tem um lugarzinho especial no nosso coração.
Abração!

Andrea Nestrea disse...

oi, sérgio, bacana seu comentário.
esse é o último disco do joão, sim.
eu tqmbém deixei de acompanhar um pouco.
mas acho bacana a reciclada dele, as composições com o filho, enfim... o disco vale a pena ouvir.]
érico, me lembro bem desse show com o jamil e biglione. showzaço! vi em uberlândia, quando morava lá ainda. e depois levamos o joão e o jamil pra um bar e ficamos horas numa mesa. e o joão tocou caymmi!
fantástico!
fig! boa música no rio!!!
beijos

Eli Carlos Vieira disse...

E como não vai para o céu assim?!
Ótima dica! Já haviam me falado antes e adorei também! Com A.Blanc então, sem comentários!

Para mim já é vício ter João Bosco e Aldir Blanc (além de outros como Vítor Martins, Ivan Lins), em forma de ínúmeros arranjos prá lá de pessoais e intransferíveis, na voz de Elis!
Com a dupla citada, adoro "Corsário", "Dois prá lá, dois prá cá" entre outras como o clássico "O Bêbado e a Equilibrista".....

Beijão, Andréa, e ótima semana!

Luiz Henrique disse...

As parcerias são um dos grandes segredos da qualidade impressionante desse ótimo disco do João Bosco.
E a parceria com o Francisco, seu filho, passou também pela produção do disco. Muito da sonoridade do trabalho deve-se à sensibilidade e às ideias dele.
As letras do Francisco Bosco, pelo menos desde o disco anterior, com a faixa-título Malabaristas do Sinal Vermelho e Eu não sei seu nome inteiro, pra citar duas, não deixam nada a dever aos demais parceiros do João Bosco, sem prejuízo da alegria do retorno da mítica parceria com Aldir.
Neste disco, a letra de Desnortes é um arraso, e o samba Tanto Faz recria de forma absolutamente moderna o jeito daqueles sambas-canção pré-bossa.
Acho também que a fase pós-Aldir (entre Aldires, diremos agora) tem seus momentos, como Quando o Amor acontece, Memória da Pele e outras, mas o retorno em grande estilo do Mestre Aldir é motivo de festa. Sonho de Caramujo é incrível, de onde saiu o título do disco, e Navalha é perfeita, quase dá pra ouvir o Orlando Silva cantando em alguns trechos...

Andrea Nestrea disse...

luiz, gostei muito do seu comentário. a qualidade do disco é mesmo impressionante! e concordo que a relação pai e filho é muito boa! sorte nossa!
beijos

Arnaldo Heredia Gomes disse...

Andréa,

Acho que fui com muita sede ao pote ouvir este disco e acabei sentindo uma pontinha de decepção. Na verdade, essa volta da parceria João e Aldir criou em mim uma expectativa tão grande que, fosse qual fosse o resultado, acho que não conseguiria me satisfazer. Ouvi um pouco o disco e depois de ler teu texto coloquei de novo o CD no meu carro e fiquei insistindo. Ainda não bateu muito fundo, com exceção de Navalha, que é de cortar os pulsos.

Lamentei a separação dos dois, com um sentimento bem egoísta, de minha parte, pois pensei somente no que eu estava perdendo com a falta que as músicas iriam me fazer (e fizeram). Separados, ambos tiveram dificuldade em encontrar novos parceiros comparáveis. Aldir acabou encontrando, em Guinga e em Moacyr Luz, parceiros a altura. João nunca encontrou, ao menos em minha opinião.

Mas vamos esperar um pouco. Deixa eu ouvir o disco com mais atenção.

Henrique - Campinas disse...

Caramba, Andréa. Voce está escrevendo tão bem que deu uma enorme vontade de ouvir o disco.
Eu sempre gostei muito da dupla e a curiosidade mordeu forte com o seu texto. Depois volto aqui pra deixar minha impressão.
beijão.