domingo, 22 de fevereiro de 2009

CONTERRÂNEOS VELHOS DE GUERRA

Era uma noite de domingo de carnaval, mas não era dia de descanso, pelo contrário, o trabalho ali não parava. O ano 1969, há exatos 50 anos. O lugar: Brasília, ou melhor, a construção da cidade moderna. Brasília era um imenso canteiro de obras, quase 100 mil trabalhadores com suas famílias tocavam a obra para a data marcada para a inauguração: 21 de abril de 1960. O fato, ocorrido no dormitório de uma das grandes construtoras de Brasília, a Pacheco Fernandes, até hoje é envolto em névoas. Cansados de engolir uma comida de péssima qualidade, os candangos se manifestaram e foram reprimidos a bala pela Guarda Especial de Brasília (GEB) dentro de seus alojamentos, enquanto muitos dormiam. A imprensa, na época, foi impedida de comentar, somente um pequeno jornal mineiro publicou uma matéria denunciando a chacina e relatando o descaso e as condições sub-humanas as quais os verdadeiros construtores da futura capital estavam submetidos. Até hoje não se sabe o número de mortos, alguns dos candangos que foram testemunhas e sobreviventes da chacina falam em centenas de homens, caminhões de corpos enterrados em vala comum. Vladimir Carvalho, cineasta paraibano que dedica sua vida realizando documentários sobre o Brasil, foi um dos poucos mexer esse assunto não grato. "Conterrâneos Velhos de Guerra" é um filme corajoso, trata da construção de Brasília do ponto de vista dos trabalhadores e procura desenredar o fio da memória para que ele não nos leve ao esquecimento. É preciso lembrar o que foi sufocado, apagado e esquecido para que futuras gerações possam aflorar novas memórias dos subterrâneos da invenção do poder.

6 comentários:

figbatera disse...

Caraca, nunca tinha ouvido falar disso; será mesmo verdade?

figbatera disse...

É uma pena, mas continuo com alguma dificuldade pra ler os seus textos; se fosse todo ele em amarelo (como nos títulos) ficaria bem mais fácil.

Anônimo disse...

oi, fig, é claro que é verdade, o que não se sabe é sobre o número de mortos... e como eu disse, a imprensa não pode comentar. e isso no governo jk, hein?!
eu jamais comentaria um caso desse se não tivesse feito uma pesquisa antes, aliás, nem precisaria, o filme já é um puta documento, basta vê-lo.

cris K disse...

é isso né! filme genial. ma me diz uma coisa, é nesse filme que o niemeyer se recusa a falar sobre as mortes e atrocidades durante a construção de bsb? e o cara continua com o áudio ligado... putz vi isso há tanto tempo atrás que não confio mais na minha memória.
besitos

Anônimo disse...

é isso mesmo, cris!
ele desafia o niemeyer!
e o niemeyer fala, "desliga essa merda senão eu não falo!!!"
boa memória, ainda!! rsrs
beijo

Anônimo disse...

oi andrrea,
vc sabe onde posso ver este filme ou compra-lo.
ja tentei em tudo que é lugar e nao consigo.
att
rui