sábado, 20 de dezembro de 2008
MOI-MÊME
gosto do meu corpo por partes, mais que do todo. monto e desmonto o quebra-cabeças que sou.
e mesmo as partes, para fazerem sentido, precisam do ângulo certo, do momento certo, do olhar certo. componho as partes do que sou. o todo pouco interessa. o todo é apenas uma porção de pedaços, fragmentos e cortes que, às vezes, fazem sentido. o dedo na boca. a mão no bolso. os brincos na orelha. o preto ou o carmim nas unhas. a sandália que mais desnuda do que veste o pé. o rímel preto nos cílios. o cabelo solto, livre e avermelhado. o anel no dedo eleito para ser vitrine. a sobrancelha sem pinça. o olhar que vê o que quer.
sou muito mais feixe do que tronco.
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4 comentários:
eu acho vc um todo maravilhoso.
bjs para vc e para a Cla
Nora
Gostei do texto, gostei da foto. Me identifico com a possibilidade do gostar do corpo em partes. Interessante! Bj.
essa história toda do corpo como partes, feixe, mosaicos, vem da idéia de que a alma, mente, cabeça (entendam como quiser) não é uma unidade indivizível, única. mudamos a todo instante, não tem jeito.
cada coisa nos afeta de um modo, acrescentando, diminuindo, mudando, mudando...
o corpo é afetado por tudo isto, o olhar que olha o corpo também.... enfim......
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