quinta-feira, 28 de outubro de 2010

DES-ENCONTRO

eu queria ter dito "suas unhas estão grandes", mas pensei na chapeuzinho vermelho e no ridículo dessa fala. mesmo porque não havia nada pra ser falado... queria ter tocado a ponta do seu nariz queimado... queria também ter abraçado as suas mãos com as minhas e sentido o frio que escorria delas. queria ter ido até a sua nuca, mas fiquei com medo de vomitar os cheiros. tremulei por fora quando você me tocou, as duas vezes que me tocou, meio que pra tirar um cisco, pra puxar uma linha da minha saia. nos olhamos através de várias lentes, mas não deu pra ver nada direito. recusei o presente, quase me arrependi. pacha mama que me perdoe. fiquei com a sensação de que as duas garrafas gêmeas de água não mataram sede alguma. queria ter dito que o amor não é uma porta, mas portais. mas não havia amor algum em nenhum lugar, tampouco portais.... o silêncio que se instalou também não disse nada. só o sol quente e a sombra fresca fizeram sentido naquele encontro absurdo... ainda me pergunto como pode uma distância tão grande numa proximidade tão enorme. coisas da vida e desse viver que é tão perigoso. na despedida, caminhei pelo sol e pela grama verde. o telefone tocou, atendi, um convite pra jantar. aceito? a vida se encaminha de andar sozinha...

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